Sob séria influência de Dalila.
Creio retomar o clichê ao evidenciar que algumas coisas marcam algumas gerações. Vinte e dois anos e quem poderia crer que ao ler um texto amigo, muitas coisas poderiam se retocar e ser retomadas. Tal como a autora deste texto, ainda em construção, ao qual tive acesso depois de muito perturbá-la, comecei a pensar. Tal como ela eu também atravessei o clássico curso de datilografia, do qual resta ainda hoje minha Olivetti portátil abandonada na fazenda, aos barulhos mágicos e das dores de cabeça da tabulação. Mas o objetivo imediato não era o curso em si, mas aquilo que poderia advir do teclado. O contato com a possibilidade. O computador, mais velho que eu, do qual poucas vezes eu poderia me aproximar, enquanto pai ou mãe usavam a máquina. O estranhamento dos disquetes bolachões.Se alguma criança hoje parece incapaz em pensar abaixo dos gigabytes, que aconteceria se caísse, por acaso, em suas mãos um disquete em que poderiam conter alguns bytes. Ou ainda, em plena era do 3D, se voltasse para aqueles gráficos paupérrimos, mas que nos deslumbravam em jogos poucos elaborados. Um diálogo possível, seria hoje, de uma criança que já sabe fazer os seus downloads na rede e escolher de um modelo de desktop até suas funcionalidades, ao se deparar com um disquete e perguntar ao pai do que se trata, este poderia muito bem responder: “filho, na época em que os dinossauros dominavam a terra e o homem habitava as cavernas, existia algo que possuía apenas 720 KB”, a high-tech-child poderia indignada perguntar quantas músicas de seu Ipod caberiam neste estranho ‘artefato’.Assim, meio que sobrevivendo a esta pequena Matrix sem dimensões, em que o tempo ocupa as noites, em que amigos se cruzam, em que as distâncias parecem tão mínimas, a mensurabilidade dos passos a um clique se torna crucial. Quem já não teve amigos importantíssimos que surgiram da rede, dos contatos, ou mesmo DRs infindas por conta de um recado estranho no Orkut, Facebook, whatever….Aos poucos, não apenas da silenciosa substituição dos talões de cheques por cartões de créditos, da profusão mágica dos celulares, das potencialidades2 de que dispomos ao alcance da mão. Todo pesadelo estranho de captura se torna diáfano, ou ao mesmo passo verdade, não que isso seja bom ou mal, é. E apenas isto. Afinal é inegável o quanto dependemos da internet e ao mesmo tempo o temor que ela causa em alguns (para aqueles meio- esquecidos basta lembrar o caso Bug do Milênio). Na realidade é impossível dizer onde quero chegar com isto, supro apenas a uma demanda, de fazer um paralelo, de caminhar ao lado, li algo, gostei, impossível um poema agora, mesmo que se dissesse eu, não seira um 'eu' tangente e talvez 'latente', mas que talvez esta experiência (de escrever aqui por trás de outro texto) possível de filhos do século passado, crescendo junto com uma máquina e, ao mesmo tempo, nos descobrimos, descobrindo-a, e sabendo-a variante e potente. É esta a nossa mágica, diferentemente dos pequenos gênios de agora, que já nascem com fones de ouvido e wirelles integrado, nós nascemos com este elemento estranho, assustador e fascinante.É para fazer jus a esta possibilidade que publico meu texto em meu blog. Impossível esquecer este detalhe.
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