(nada à manuel bandeira)
ergue a chávena lentamente. chá, numa cena como está? não admito sequer capuccino. pois bem, uísque, conhaque, vodca, o que você está bebendo aí? charlie's angels tocam a melodia virando o rosto. é melhor não saber. seus olhos vão me bebendo devagar, dançando entre o perigoso das escolhas absurdas, nas minhas páginas, não há nada na minha mente, nem mesmo outras vítimas. (... cara... diz logo seu preço...) navegando e talvez só restasse isso. saturday night divas. a dança se abrindo entre o tédio e o conformismo. tenho um aniversário para ir agora. não tive notícias de meu pequeno mallarmé: em qual palco lançará seus dados? Não me maquiei. abro meus seios aos teus cílios indiscretos, roçando de leve a curva das minhas costas, o olho quente e a pele fria. não sou criminosa. meu marido vende as atenções em seu mercado longíquo. aqui, eu apenas jogo minhas cartas.(os homens nunca tiram os chapéus diante da morte, esta é a verdade) é preciso dizer, não freio nos meus assaltos, meus saltos são como navalhas. qual a potência de sua máquina? as pernas que passam. eu abro um botão, você afrouxa a gravata. na nossa cena não faz frio. em que bolso eu escondi os meus dados. as pessoas nunca nos vêem. não há outros, nem público neste palco vedado. vedado: você só vê os meus diamantes. meus brilhantes roubados que sempre servem para novos roubos. o momento da queda e da procura. o que será que você lembrará depois desta noite, cinderela? minhas ligas, meus números nunca funcionam. eu mato. sem foice, mas no vagar do curvex, do rímel, de um pouco mais de rouge, no vento que apenas insinua nas pontas do meu vestido. devagar, na noite. eu te afogo no teu desejo. é preciso sempre perder um pouco mais de ar, para chegar mais perto de mim. qual o menú? não tente me dar um tapa. não gosto deles. não tente se aproximar de mim enquanto durmo, invada meus sonhos. (eu não tenho preço, mon cher, eu faço minhas escolhas) sempre deixo para trás muito mais do que digitais. preciso de champagne, pistache, chocolate. odeio muitas cores, preto ou branco: sempre. como minhas linhas. o que te trará até mim. se chegares apenas quando eu desvendar meu último botão, esqueça. perdi minha língua, na nudez da minha pele, na primitiva primavera que apenas sabe cantar em línguas proibidas. posso estar nua, mas nunca tiro meus saltos, questão de segurança. você vem ou não vem, já chamei meu táxi.
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