(para Andréa, mais, ainda)
Eu me chamo Lotero Vittori e preciso escrever minha última página. Le rire rouge. O impossível de dizer escrevo na língua que finges entender. (… make any difference? Quase letra inaudível…) É mais do que preciso pensar en la fuerza de un nombre. O absoluto da minha língua é o monstro incriado: o real da língua que não entendes. Der, der er ist. Não quero fazer arte, renuncio a cantar. Criminosamente borro meu rosto, perco a identidade e desafino. Não conseguirei engrossar minha voz, desandar de meus saltos, desalinhar os cabelos, encobrir minha maquiagem. So müssen wir den Kreisgang vollziehen. Não preciso. Eu inventei isso e sou isso que inventei. Precisei de ti, apenas assim, sem mais ou menos, como quem confia e isto apenas. Todo es espejo. Y un gran espejo sombrío. Talvez não tivesse perdido meus elos ou minha pulseirinha (que no fim não perdi) se estivesses contigo. La condesa, sentada en su trono, contempla. De ti ou para ti, bem sei, só poderia escrever versos que já foram escritos e é doloroso saber disso. Das ist kein Notbehelf und kein Mangel. A ignorância seria por si só um bem precioso. Não posso dizer mais que son regard est pareil au regard des statues, et pour as voix, lointane, et calme, et grave, elle a l’inflexion de voix chères qui son tues. Muitas vezes é assim que este coração que se exila escuta, nell cuore dell cuore, em Verlaine, muito dolorosamente como estrada paralela à loucura. Muitos se apaixonam por Rimbaud, poucos sobrevivem a ele. Flugzeug und Rundfunkgerät zwar heute zu den nächsten Dingen, dann denken wir na ganz Anderes. Sobrevivo, ignorando este lamento, este violão lento, no rasgar de meus violinos. O que é que penso? Weltentzug. Seria o arco maligno? Weltezerfall. Tu me dizes, citando meus versos: “Oh! C’est triste! – Et toi-même, est-ce pas? Em surdina tem conto uma crônica sobre escadas, bem pitagórica e geométrica, mas irracional (Perché?). Aproxima um pouco mais teu olhar do meu (Dove sono i due ragazzi?). Minha maquiagem borrada, o rosto suado (…una cosa non caspisco…). Talvez hoje não pudesse ser sábado, talvez o dia não importasse, if there is to be a real alternative, it will have to be... (Eh, purtroppo….) Lutar, sobretudo, pelo rouxinol morto, longe dos poemas e da gaiola vazia. A noite só escuta o que não dizemos. O luar grisalho dói. E dói demais. Indifférance, é meu conceito deslocado. É preciso retornar ao aroma de meus chás reais e de meus livros abertos. Il pleure dans mon coeur… c’est ÇA que pénètre mon coeur (qui s’ennuie)? Qu’as-tu fait, ô toi que voilà pleurant sans cesse? Eu me chamo Loreto Vittori. Aprendi a suar nas minhas meias-pontas-altas: queria conseguir chorar, não mais que isto. Eu odeio o fato de que fui enganado. Dói. Duas vezes enganado con las flores alegres de la medianoche. Não quero mais isto, alla francesi. Meus agudos não servem para isso. Não servem à isso. e tenho medo, medo dessa fragilidade estúpida.(… la loi, froid par elle-même…) Um anjo maligno em soprano e espelho acabado é o que observo se formar e pairando sobre a palavras, veneno, vinho, olhar. Hermoso como el suicidio. E odeio. Quase Sade. Odeio precisar mais de ti. Eu preciso aprender a conviver com este quarto vazio com paredes repletas de livros, com roupas espalhadas pelo chão. Faz algumas semanas que não arrumo isto. Não deveria permitir. Mi total adhesión a la magia negra. Não mesmo. Idiota. Tu hai un libro da prestarmi? Duas vezes idiota(s). A partir de hoje atropelo Deuteronômio XXIII, 1, abro meu palácio ao limite da minha lei asséptica e canora. Talvez dissesse nesta sua esquerdália medíocre que le résultat est le conservatisme, la peur de la liberté, une mentalité réactionnaire… mimimi. Não consigo ouvir Vasco Rossi. E tudo que odeio é só uma maneira de dizer ainda mais odeio. Senti, falo stesso… allora, la stessa cosa. É preciso fechar a Arena de Verona aos teus olhares. Este outro tornado absoluto e tomado pelo assassinato. Minha teoria não passa pelas tuas palavras. Mal di testa, figurate.
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